Outras Trilhas

Qual é a sua bússola?

Epic Fu: trilheiros digitais de primeira!

Um divertido programa na web voltado para quem cria, vive e, claro, curte a vida usando novas tecnologias. Essa poderia ser uma boa descrição para o Epic Fu, programa que mostra “o que há de mais bacana em arte, tecnologia e música do mundo online e offline.”

O Epic Fu é totalmente copyleft (licença Creative Commons) e foi criado em 2006 com o nome de Jet Set pelos espivitados Zadi Diaz and Steve Woolf para um público mais jovem. A idéia era promover uma interação do show com os internautas e webespectadores.

Com o passar do tempo, Steve e Zadi perceberam que a faixa etária do público das áreas de multimídia e arte/música digital era um pouco maior. Eles mudaram, então, a linha do show. Em 2007, rebatizaram o programa com o nome de Epic Fu. “Queríamos um nome que pudesse ser realmente nosso, em cada sentido da palavra. Isso ajudou a consolidar nossa identidade e a perspectiva que estávamos tentando oferecer para as notícias e artistas”, disseram em entrevista para Cameron Parkins do site Creative Commons

Como o show é feito com um baixíssimo orçamento, os idealizadores contam com a colaboração da comunidade web, que oferece dicas de pautas, textos e vídeos e, claro, sua crescente atenção.

Bem, então, o que afinal você encontra no Epic Fu? Assuntos que podem interessar as pessoas, artistas ou grupos que estão usando tecnologias e a web para redefinir a idéia de colaboração e distribuição de idéias globalmente. Eu e você, por exemplo.

Gosto do formato e das dicas do Epic Fu, apesar de considerar o estilo da apresentadora Zadi Diaz um pouco, digamos, histriônico para meu gosto. Mas o programa merece pontos pela inovação, criatividade e, claro, por adotar e promover a cultura livre. Trilheiros digitais de primeira!

PS.: Você pode ver os programas (todos em inglês) no site do Epic Fu ou no You Tube. Eu prefiro a segunda opção.

agosto 6, 2008 Posted by | Os Analógicos-Digitais | , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , | Deixe um comentário

Sete graus de separação: Internet ajuda a ressuscitar teoria

Estudo valida teoria criada nos anos 60

Estudo valida teoria criada nos anos 60

Nos anos 60, o psicólogo norte-americano Stanley Milgram criou uma teoria segundo a qual duas pessoas estão conectadas por outras seis.

Ele chegou a essa conclusão após realizar uma série de experimentos conhecida como Small World. Ele pedia a uma pessoa que enviasse uma carta a outra, como um amigo ou parente, para que o envelope chegasse a um destinatário desconhecido para o primeiro remetente. Segundo Milgram, cada carta era repassada, em média, seis vezes.

A teoria ganhou popularidade e, em 1993, inspirou um filme de Fred Schepisi (que contou com a excelente atuação de Will Smith). Com o crescimento das redes de relacionamento (como Orkut), também tem sido explorada com freqüência por especialistas.

No entanto, em 2006, a teoria dos seis graus de separação sofreu um duro golpe. A psicóloga Judith Kleinfeld, da Alaska Fairbanks University, verificou a pesquisa original de Milgram e concluiu: 95% das cartas não haviam chegado ao seu destinatário final. Fim da história?

Não por muito tempo. Ao que tudo indica, a Internet está ajudando a ressuscitar a teoria de Milgram. Pesquisadores da Microsoft estudaram os endereços de pessoas que enviaram 30 bilhões de mensagens instantâneas usando o programa MSN Messenger durante um único mês em 2006, segundo a BBC. E concluíram: quaisquer duas pessoas estão conectadas não por seis, mas por sete pessoas.

O banco de dados usado incluiu toda a rede de mensagens instantâneas da Microsoft, que representa cerca de metade de todo o tráfego de mensagens instantâneas do mundo. Para o estudo, duas pessoas foram consideradas conhecidas se tinham enviado ao menos uma mensagem instantânea uma à outra.

É um resultado interessante, mas a construção de redes sociais ainda deve gerar muita polêmica. É apenas questão de tempo para a divulgação do próximo estudo sobre o tema.

agosto 4, 2008 Posted by | Os Analógicos-Digitais | , , , , , , , , , , , , , , , | Deixe um comentário

Meu voto vai para Anna Patterson, do Cuil

Divulgação

Anna: ex-funcionária e atual concorrente do Google. Foto: Divulgação

Anna Patterson é programadora com uma bagagem acadêmica considerável: é doutora em Ciência da Computação pela Universidade de Illinois e foi pesquisadora na Universidade de Stanford. Em 2004, vendeu seu sistema de busca para o Google e acabou sendo contratada pela empresa.

Agora, Anna decidiu lançar um novo projeto solo, o buscador Cuil (pronuncia-se “cool”, gíria em inglês para “legal”), para competir com o ex-empregador e líder de mercado. A equipe do Cuil conta com Tom Costello, marido de Anna, e outros dois ex-engenheiros do Google, Russell Power e Louis Monier.

Com investimentos de US$ 33 milhões, o Cuil entrou em operação na última segunda-feira (28).

De acordo com Anna, o número de páginas indexadas pelo Cuil já é três vezes maior do que o conteúdo analisado pelo Google. Ela afirma que seu site pode superar o Google também em outras áreas, como a forma de exibir o conteúdo encontrado nas buscas. No lugar da famosa seqüência vertical de links do Google, a página de resultados do Cuil mostra alguns resumos dos sites encontrados pela busca.

Mas o buscador tem recebido várias críticas desde o seu lançamento em relação à lentidão nas respostas do servidor e à apresentação de resultados irrelevantes. Eu, particurlamente, não gostei da maneira como a informação é apresentada e nem mesmo dos resultados oferecidos pelo novo motor de busca.

Mas não posso negar minha satisfação em ver uma mulher comandando um projeto ambicioso como o Cuil. Basta dar uma olhada no perfil das empresas de tecnologia no LinkedIn para confirmar aquilo que todos nós já sabemos: o universo das TICs é dominado por homens. Entre as empresas que pesquisei, o Google tem a maior proporção de mulheres no quadro geral de funcionários (37%). Confira:

Google
Male 63%
Female 37%

Microsoft
Male 71%
Female 29%

Digg
Male 75%
Female 25%

Mozilla
Male 81%
Female 19%

Facebook
Male 70%
Female 30%

HP Software
Male 77%
Female 23%

agosto 1, 2008 Posted by | Gênero e Tecnologia | , , , , , , , , , | 1 Comentário

Free Culture TV

O Miro acaba de lançar um canal especializado em cultura livre. A idéia do Free Culture TV é apresentar documentários, filmes e programas dedicados ao tema.

Se quiser conhecer o canal, baixe aqui o Miro, um software tocador de mídia de código aberto desenvolvido pela Participatory Culture Foundation, dos EUA. O software faz downloads de vídeos dos “canais” por meio do seu agregador de feeds RSS.

julho 27, 2008 Posted by | Os Analógicos-Digitais | , , , , , , , , , , , | Deixe um comentário

Repórteres sem Fronteiras: não ao projeto de Lei do senador Azeredo

A organização Repórteres sem Fronteiras divulgou um texto em que pede aos deputados brasileiros que rejeitem o projeto de lei do Senador Azeredo. Segundo o texto, a liberdade de expressão na Internet poderá ser comprometida e, por esse motivo, os deputados deveriam detalhar os termos do projeto.

“Esse projeto de lei é potencialmente perigoso para a liberdade de expressão na Internet porque reforça a vigilância da rede mundial e prevê sanções entre um e três anos de prisão sem especificar para qual delito. Trata-se de uma proposta que, apesar das modificações que sofreu desde a sua apresentação há três anos, permanece bastante vaga. Pedimos aos deputados que examinem atentamente o texto de forma a precisar o seu conteúdo e dar garantias sobre a liberdade de expressão na internet”, informa a organização.

Assine você também a petição online contra o projeto. Ajude a promover a liberdade e o desenvolvimento do conhecimento na Internet brasileira.

julho 23, 2008 Posted by | Outros alvos | , , , , , , , , , , | Deixe um comentário

Mídia impressa e código aberto: um exemplo em Kibera, Quênia

Não faltam instrumentos para reduzir de forma drástica os gastos com a preparação e a publicação de materiais impressos. Com a profusão de programas de código aberto e ferramentas de publicação web 2.0, comunidades e ONGs já podem viabilizar seus projetos de mídia impressa. E, em alguns casos, sem custo algum.

Veja o exemplo da Five Minutes to Midnight (FMM). A organização sem fins lucrativos fundada em 2003 ajudou a lançar um livro de fotos produzido por jovens moradores de Kibera, uma favela localizada nas proximidades de Nairobi, Quênia. Kibera é considerada a maior favela da África, com uma população estimada em um milhão de pessoas.

A publicação foi totalmente preparada com programas de código aberto pelos participantes de workshops realizados pela FMM. A ONG também usou o CreateSpace, editora de livros on demand da Amazon.

O livro é atualmente vendido pelo site da Amazon e pela e-store da FMM. O dinheiro obtido com as vendas é investido na organização de outros workshops oferecidos pela ONG.

Se você quer mais detalhes sobre essa história, leia a seguir o relato de Wojciech Gryc, da FMM, publicado no iCommons.

“O que foi mais supreendente em nosso trabalho é que o custo inicial da preparação do livro foi zero. Isso permitiu que nós criássemos um instrumento de arrecadação de recursos para nossos workshops sem o risco de perder o que nós já tínhamos”.

“A idéia inicial era publicar o livro em julho de 2007, enquanto estávamos fazendo capacitações em tecnologia e jornalismo em Kibera, no Quênia. Localizada perto de Nairobi, Kibera é a maior favela da África e quase sempre tem uma cobertura negativa por parte da mídia. Não há serviços de mídia com foco na comunidade e muitos dos jovens estão desempregados. Fizemos, então, uma parceria com a
Shining Hope for the Community (SHOFCO), um pequeno grupo de jovens da comunidade, como forma de oferecer tecnologia e capacitações para que eles pudessem fazer um jornal e obter conhecimentos que pudessem ser úteis para sua vida profissional.

Nos workshops foram usados “computadores reciclados, programas de código aberto e tutoriais técnicos livres.”

“Durante os workshops, os participantes usaram câmeras digitais e foram orientados a explorar o ambiente da favela – ou seja, a visitar áreas da comunidade que eles considerassem importantes. Centenas de fotos foram retiradas, muitas com foco nas pessoas e nas comunidades que formam Kibera.”

“Como os participantes aprenderam a usar GIMP (editor de imagem), OpenOffice (editor de texto), and Scribus (editoração eletrônica) [programas de código aberto, podem ser baixados de forma gratuita pela Internet], a FMM usou os mesmos programas para editar a capa, trabalhar com as fotos e editar textos. Tudo foi finalizado com Scribus e exportado como um arquivo PDF, permitindo que nós tivéssemos um livro eletrônico de fotos”.

“Para a impressão, nós decidimos usar o CreateSpace, um serviço desenvolvido pela Amazon que apresenta livros, DVDs e outros produtos que podem ser impressos ou preparados sob encomenda”. Nesse caso, a Amazon cobra apenas um percentual da venda e não exige adiantamento de pagamentos.

“Criar um livro é muito simples e o conteúdo principal está em um arquivo PDF. Um outro arquivo contém a capa e a contracapa da obra. O mais interessante sobre o site CreateSpace é que, quando o livro é publicado, pode ser vendido em uma loja virtual própria ou no site da Amazon. O CreateSpace até mesmo cria o registro ISBN do livro”.

julho 23, 2008 Posted by | Outras mídias, Outros relatos | , , , , , , , , , , , , , , , | Deixe um comentário

Quando o real é o virtual

Hoje recebi a notícia sobre a simulação da Lei Seca no Second Life. Um aplicativo desenvolvido pela fundação Mapfre, que entre outros negócios explora seguros para carros, criou um simulador no mundo 3D para comparar os efeitos de dirigir sóbrio ou sob efeito de álcool.

Segundo os desenvolvedores do sistema, a pista de testes no Second Life registra média diária de 6,2 mil visitantes e já recebeu meio milhão de avatares desde de sua estréia. Na pista, localizada na ilha Brasil Corporativo, os avatares podem dirigir carros ou bicicletas selecionando a opção sóbria ou sob efeito de álcool. Ao cometer infrações por estar bêbado, o avatar é informado das punições a que ele estaria sujeito fora do mundo virtual (na vida real, quem for flagrado dirigindo alcoolizado recebe multa e tem suspenso o direito de dirigir por 12 meses).

———————-/

A cinco dias e milhares de quilômetros da Cidade do México, o plano piloto parece um grande simulador de uma cidade. A vida aqui é ordenada por urbanistas e arquitetos. Os andarilhos existem, mas circulam em lugares isolados. Em Brasília, não podemos voar como no Second Life, mas vivemos em mundo racional e organizado pelo homem, cada vez mais distante da realidade de outras urbes.

Muitos dos moradores de meu simulador ganham seus “Lidens” como funcionários públicos e, ao contrário de outros mortais, planejam suas vidas com a perspectiva do eterno.

Nesses dias de Brasília, tenho caminhado pelas vias arborizadas e tranqüilas ao longo da L1 Norte. Aqui não há esquinas e a repetição das linhas arquitetônicas dos edifícios residenciais dão a impressão de que andamos sempre no mesmo lugar (ou será um bug na Matrix?).

Para viver aqui, tenho que reconstruir minha visão do que é uma cidade. Brasília, my Second Life.

julho 17, 2008 Posted by | Brasilidades, Os Analógicos-Digitais | , , , , , , , , , , , , , , , | Deixe um comentário

Google quer incentivar mulheres a atuarem na área de tecnologia

O Google Brasil está organizando um concurso para incentivar estudantes do sexo feminino a atuarem em áreas técnicas como engenharia e ciências da computação. As 10 vencedoras receberão laptops e serão convidadas a visitar o escritório de engenharia do Google em Belo Horizonte, segundo informou o site BR-Linux.

Segundo o site oficial do concurso Brazil Women in Technology, as vencedoras participarão de workshops, palestras e atividades sociais no escritório da empresa em BH. O concurso brasileiro, que tem apoio da Sociedade Brasileira da Computação, é inspirado no prêmio Anita Borg, que premia mulheres envolvidas com tecnologia em outras partes do mundo.

“No Google buscamos talentos e notamos que há um baixo índice de mulheres na área de tecnologia. [Nesse mercado] há falta de incentivo para que mulheres que iniciam faculdade ou cursos técnicos concluam seus estudos. É um espaço em que ainda existe uma grande predominância masculina”, afirmou Patricia Prieto, gerente de captação de talentos do Google Brasil.

É bom lembrar que a iniciativa não é tão eficaz no combate à desigualdade de gênero como outras medidas (oferta de bolsas de estudos, por exemplo). Mas a proposta é interessante não apenas porque oferece um estímulo para as estudantes na forma de prêmios e palestras. O mais importante é que o concurso estimule o debate e demonstre o comprometimento real de empresas líderes como o Google no tema. Se isso acontecer, será um bom caminho percorrido em direção ao equilíbrio de forças no universo das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs).

As inscrições devem ser feitas entre 21 de julho e 8 de setembro. Os requisitos para participar do concurso são os seguintes:

– A estudante interessada deve estar inscrita em um curso de graduação ou em um programa de pós-graduação em uma universidade brasileira em 2009;
– Os cursos e programas devem estar ligados às áreas de Ciências da Computação, Engenharia da Computação ou áreas técnicas relacionados,
– A candidata deve apresentar uma boa performance acadêmica.

Boa sorte!

PS.: Minha incursão pelo Google a procura de imagens de mulheres usando computador mostrou que as imagens que povoam a Net refletem não apenas da desigualdade de gênero, mas as desigualdades sociais no mundo da tecnologia.

Entre fotos de mulheres nuas ou de consumidoras desmioladas, tive que escolher a imagem acima: uma mulher jovem, branca, com cara de moça de classe média, em uma atitude descomprometida com a máquina (o importante é fazer pose ou usar o computador? Onde está o teclado?).

No final, o mundo das TICs reflete e reforça os desequilíbrios e as distorções sofridas pelas mulheres em outras áreas da esfera social.

julho 17, 2008 Posted by | Gênero e Tecnologia | , , , , , , , , , , , , , , | 1 Comentário

O Google está nos transformando em idiotas?

Nicholas Carr é um desses provocadores da era Petabyte. Em 2003, ele já causava barulho com o artigo “TI Importa?”, publicado na Harvard Business Review.

Logo depois, transformou o artigo no livro “TI Importa? A Corrosão da Vantagem Competitiva”, onde afirma que as tecnologias da informação não oferecem mais vantagens competitivas porque todas as empresas têm adotado as mesmas ferramentas. Para ele, TIs são meras commodities.

Recentemente, voltou a cutucar os defensores das maravilhas digitais com o livro “A Grande Virada: Reconectando o Mundo, de Edison ao Google.”

Ontem, um twitteiro bacana compartilhou um link para o artigo de Carr com o seguinte título: “O Google está nos transformando em idiotas?”. O texto traz parte das reflexões de “A Grande Virada.” Se você arrisca ler em inglês, recomendo a leitura para o fim de semana.

Carr, colaborador de revistas de negócios e ex-editor executivo da Harvard Business Review, tem bons argumentos e joga um bocado de lenha na fogueira no debate sobre os benefícios das novas tecnologias. Ele afirma que a Internet está “reprogramando” nossos cérebros e que esse processo não é, necessariamente, algo que deva ser celebrado.

O autor afirma que a Net não é um canal passivo, um veículo neutro, porque tem o potencial de mudar nossa maneira de “ler” o mundo. Estaria, portanto, matando nossa capacidade de contemplação e de concentração. “Antes eu era um mergulhador no oceano de palavras. Agora, eu passo rapidamente pela superfície da água como um cara num Jet Ski.”

Em um trecho do artigo, ele diz: “No mundo Google, onde ingressamos quando estamos online, há pouco espaço para a contemplação difusa. Ambigüidade não é uma janela para idéias, mas um bug que deve ser corrigido. O cérebro humano é apenas um computador desatualizado, que precisa de um processador mais rápido e um hard drive mais potente.”

Huh!

Quer mais provocação? Entre na página de Nicholas Carr and have fun.

PS.: Há um trecho interessante no artigo sobre como a era Petabyte está obrigando a mídia tradicional a reinventar a si mesma. “Old media have little choice but to play by the new-media rules”. Acho que, pelo menos em relação a esse argumento, ele não vai enfrentar muita resistência.

julho 4, 2008 Posted by | Os Analógicos-Digitais | , , , , , , , , , , | Deixe um comentário

WikiLeaks: a Wikipédia que incomoda muita gente

Você talvez não conheça Julian Assange, o moço das madeixas douradas da foto acima. Mas, se gosta de documentos confidenciais, já deve ter esbarrado no site que ele ajudou a lançar, o WikiLeaks.

O projeto não tem nenhuma relação com a Wikipédia, mas ambos adotam a mesma interface e tecnologia. A idéia é incentivar as pessoas a denunciarem o mau comportamento de governos e corporações. É a Vazapédia, como bem definiu Ivan Lessa em uma crônica publicada no ano passado.

Segundo o WikiLeaks, todos os gargantas profundas são devidamente protegidos pelo anonimato eterno. Sim, é possível rastrear um email ou documento enviado por meio do endereço protocolo de Internet (IP, na sigla em inglês). Mas, segundo a revista New Scientist, o site utiliza o TOR (The Onion Router), que ajuda a proteger a “identidade” dos vazadores.

Um dos últimos grandes feitos do projeto (e há vários) foi divulgar as regras do Pentágono de engajamento de tropas no conflito no Iraque. O documento revelou que as tropas estavam autorizadas a perseguir ex-funcionários do governo de Saddam Hussein, além de terroristas, nas vizinhanças do Irã e da Síria. O documento era sigiloso e sua divulgação foi vista pelos militares como uma ameaça à segurança do país.

Por razões óbvias, o WikiLeaks tem incomodado muita gente desde que foi lançado, há 18 meses. As Forças Armadas dos EUA classificaram o site de “irresponsável” por divulgar informação confidencial. As queixas também partem de organizações como a Federation of American Scientists’ Secrecy Project. “Essa é uma ameaça ao nosso tecido social, baseado na lei; e eles estão dizendo que não há lei”, disse Steven Aftergood, chefe da instituição, para a Wired.

Há documentos bem interessantes no site. Mas a seção dedicada ao Brasil ainda deixar muito a desejar. Encontrei ali algumas matérias em português sobre o próprio WikiLeaks e uma menção ao jornalista Lúcio Flávio Pinto, o único “whistleblower” brasileiro do site.

Quem navega pelo WikiLeaks, pode pensar que o Brasil:

a) praticamente não tem vazadores,
b) não tem o que vazar,
c) só tem cabra medroso,
d) desconhece o WikiLeaks.

Fico, claro, com a alternativa d. E, definitivamente, descarto a opção c.

julho 3, 2008 Posted by | Os Analógicos-Digitais | , , , , , , , , , | Deixe um comentário